Te desafio!
Desatrofie a sua mente.
Mente quem diz que é mentira: o smartphone está nos enlouquecendo.
Aos 12 anos eu estava escrevendo poemas, aos 15 aprendendo a tocar violão, aos 20 fazendo faculdade, aos 25 nas redes sociais, aos 30 no smartphone, aos 35 no smartphone, aos 37 esgotado com o smartphone.
As facilidades e as boas tecnologias que o aparelho nos proporciona já sabemos; não é por elas que estou te escrevendo. Venho aqui pra falar de um problema que eu tenho, que você tem e que nós temos.
Uma vez uma professora de filosofia nos disse em sala “não é eles, somos nós; não são os outros, somos nós; não é a sociedade, somos nós.”
Sim: eu estou doente, você está doente, nós estamos doentes! Dá uma olhada no que significa doente no dicionário e veja se não estamos enquadrados nas definições.
De volta a sala de aula, agora no papel de professor, fico perplexo, atônito e tenho pena dessa geração de estudantes:
Que inferno deve ser o mundo para eles crescendo nesse monte de besteira, aplicativos viciantes, malícias e conexões débeis na palma da mão.
Eu paro e fico num profundo e pesaroso silêncio ainda sem saber como transformar esse excesso de improdutividade intelectual em algo catalisador para boas ideias, de incentivo a leitura, ao desenvolvimento socioemocional, ao convívio, a expressão, a criatividade, a atividade mental e física, a empatia, a humanidade, ao raciocínio... Saio da sala de aula como se a minha energia tivesse sido sugada, ainda sem solucionar o problema e sendo insuficiente para intervir com eficácia.
Abro um parêntesis
Além disso estou me reconfigurando profissionalmente: após 10 anos lecionando Espanhol para o Ensino Médio, de repente estou atuando com Português para o Ensino Fundamental na faixa do sétimo ano; (eis as decisões políticas que desconsideram nossa Geografia, a América do Sul, a sua importância Econômica, a Diversidade Cultural hispânica e o potencial global que o Idioma Espanhol pode fornecer ao brasileiro…) porém dessa situação me surge um incômodo que estou trabalhando para resolver, o que me revela que as crianças são um desafio para mim, eu tenho alunos que não sabem ler… e bem nessa idade eu já sabia o que queria e tinha um monte de sonhos, a maioria desses alunos, dessas pessoas, dessas almas, estão vazias e isso me dói!
Volto para casa e sem força cedo ao inferno do smartphone como se fosse um ansiolítico me anestesiando para suportar a situação, pego o smartphone que me acompanha da hora que acordo a hora que durmo e entre buscas por atualizações no instagram, como se ontem fosse um passado distante e algo postado hoje ficasse obsoleto se lido amanhã, perco uma, duas, três horas… aí encontro um vídeo reflexivo do Rafael Scapella sobre um filme chamado Idiocracia (veja aqui).
Respiro fundo e penso: o que eu fiz com as minhas horas?
Pra quem mora sozinho como eu; nesse tempo eu poderia ter passado roupa, lido um livro, estudado, feito uma quitanda ou apenas descansado. Já reparou como desaprendemos a descansar? Como deixamos de tornar o tédio em ócio criativo? Ah! Sim. Eu uso o plural para falar de mim, mas sei que também falo de você, trata-se de uma doença social do nosso tempo. (Depois escute essa música, é também uma reflexão relacionada ao tema e é uma composição minha).
Trocamos o descanso por dopamina virtual, e isso é perigoso porque somos seres reais e não virtuais, entende?
Você sabe: esse processo de reconhecimento do uso excessivo do smartphone não é de hoje, é uma droga e tal como nos termos da internet: somos usuários. O smartphone se tornou um concentrador de tudo: gps, rádio, televisão, computador, telefone, despertador, etc.
Como uma forma de filtrar isso teve um tempo em que comprei um telefone bem simples para habilitar o whatsapp na web, eu o deixava em meu escritório no sótão e fora do expediente de trabalho eu não acessava o aplicativo, o celular ficava desligado fora do meu alcance, funcionou bem pra mim, até que por conta de um novo trabalho precisei ativá-lo 24 horas por dia e logo a incessante e invisível necessidade de estar conectado e disponível retornara a me fisgar, a me perturbar.
A gente tem que atender ao mundo e sacrificar a gente, é o que parece que estamos fazendo.
O ser humano não tem limite, ter autodisciplina, autocontrole e saber usar as periculosas ferramentas digitais sem se afetar é um desafio.
O smartphone é letal. Procure letal no dicionário. E esse é o desafio que eu venho te propor hoje: se você está aqui neste texto, imagino que você também sofre de algumas dessas angústias. Você vai ter que encontrar a sua força, você vai ter que encontrar a sua maneira, você vai ter que descobrir o que funciona para você, você vai ter que aprender a valorizar o seu tempo, você vai ter que se desintoxicar: mentalmente, quimicamente, socialmente. Você vai ter, se quiser se curar.
Outro dia ouvi um cantor famoso dizendo “pare de buscar, manifeste o que você é”. A gente busca demais e se perde, toma cuidado. Dê liberdade a sua alma, pare de aprisionar-se em coisas que te limitam, que te empobrece, que te mata. Viva e pare de sobreviver, saia da manada, ela está correndo para o precipício da loucura e você vai junto se continuar se deixando levar.
Desperta!
Eu me desafio e te desafio: em se tratando de smartphone, estabeleça limites, crie estratégias que te permitam ter a utilidade necessária sem se perder em inutilidades, sem afetar a sua saúde, sem paralisar suas ações. Ou você se controla ou é controlado. Você tem o poder! Faça a sua escolha.
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