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Um passo atrás e outro além

Conexões essenciais em um mundo fugaz

9 min readSep 11, 2025

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Esse texto requer uma breve síntese de outros que o precedem. No ano de 2020 eu escrevi “Whatsapp, instagram e afins” tratando sobre o consumismo de tempo que essas plataformas nos absorve. Três anos depois, voltei ao tema e com “Te desafio” propus uma reflexão a respeito da dopamina exacerbada gerada pelos smartphones. Seguindo por essa linha “15 segundos” retrata a cultura das gerações e a superficialidade pulsante na sociedade atual, com consumos instantâneos, vazios e enlouquecedores.

Indo além dos conteúdos, comecei a investigar a matéria que nos leva para esses lugares e redigi “A tecnologia a seu favor” cujo subtítulo você está usando seu telefone ou seu telefone está usando você? revela como esse aparelho multifuncional tem alterado a nossa forma de ser e estar. Voltei a observar e a sentir atentamente essas questões e notei o quanto a sociedade está se aprisionando aos smartphones e desenvolvi uma analogia para essa situação considerando os celulares como “Tumores digitais”.

Eis que ainda ressoa em mim um alerta e um desejo por uma forma diferente de viver, e aqui estou trazendo um novo texto para expandir essa trajetória que alcançou meia década de reflexão e apresenta agora um horizonte mais claro, menos perturbador e finalmente viável para driblar tanta alteração induzida em nosso dia a dia; afetando a nossa mente, nossas emoções, relações e essência vital.

Extremos e equilíbrio

Mudar uma forma de agir, as vezes exige anos; mas manter-nos sem refletir e questionar pode custar uma vida.

Nós não estamos adoecendo, já estamos doentes. Aceitamos demais aquilo que todo mundo faz, que todo mundo usa, que todo mundo quer. Há tempos tento me afastar das redes sociais, mensageiros e recentemente até do smartphone; leia-se instagram, whatsapp, celular.

Mas “as pessoas não deixam” querem te manter ali, sob o mesmo vício, no mesmo limbo… então você permanece porque também é útil para você, é mais fácil, é mais cômodo.

Antes de escrever esse compêndio fiz uma experiência: fiquei 40 dias sem whatsapp e desativei o instagram por uns dois meses.

Reconectando comigo mesmo

Foi aliviador, o instagram não me fez falta ao passo que para o whatsapp tive que criar um número temporário para resolver questões de trabalho e família. Passei a viver experiências offline: fui para as praças tocar meu violão, sem aviso, sem comunicar, sem divulgar. Quem esteve por ali, esteve. Conheci pessoas ao ar livre que pararam para conversar, saborear um livro e ouvir músicas que nunca tinham ouvido antes. Foi memorável.

Me energizei, dei vazão a minha arte de forma presencial e sem esperar nada em troca, nenhum like, nenhum coraçãozinho, nenhuma visualização online e me senti bem com isso.

Ao viver essas experiências e me apresentar ao vivo com violão voz e poesia em um evento vegano na capital mineira (veja mais), algumas pessoas queriam me marcar, saber meu instagram, onde me encontravam, me ouviam… e como eu estava bem: vindo de três shows consecutivos em um período de quinze dias tomei a decisão de reativar o meu instagram, inclusive para postar sobre o lançamento do meu novo livro publicado neste ano de 2025. Repaginei meu perfil inserindo mais características textuais e fiquei por ali, incluindo a divulgação compartilhada de novos eventos que desenvolvi em parceria com a Noite Vegana estreada em Betim no dia do meu aniversário de 39 anos.

Pois bem, do contexto, vamos à ação!

Como deixar o instagram e o whatsapp

Recentemente o retorno ao whatsapp e ao instagram voltaram a me fazer mal. Comecei a indagar novamente a necessidade de estar e usar essas plataformas que reforçam a nossa modernidade líquida.

Como professor observo diariamente como os celulares têm sugado o cérebro e as emoções da cada indivíduo.

Isso me aflige. Isso volta como um espelho e reflito: preciso encontrar uma solução! Preciso despertar essas pessoas! Preciso me salvar dessa distração, desse hábito que dissolve a minha mente, que me prende e gera ansiedades, na espera de um retorno, na estranha necessidade de estar sempre disponível para quando alguém importante para mim precisar. Que ilusão, que loucura!

Quando foi que isso foi instalado em meu sistema?

Sem saber fui abrindo caminhos e encontrando soluções. Depois de tentar várias formas para estar disponível sem isso custar a minha saúde, mantendo-me acessível sem depender de alimentar essa confusão comunicacional da atualidade; instalei um telefone fixo em minha residência, assim não preciso ter um segundo celular para separar o trabalho e a vida particular, afinal o telefone móvel gera em mim o mesmo problema. Voou um pensamento aqui: interessante também que além da Língua Portuguesa, esse ano eu leciono mais duas matérias: Projeto de vida e Comunicação e ambientalismo; esses conteúdos são reflexivos e tocam nessas questões, o que tem potencializado a minha imersão nesse assunto.

A transição começou

Esses dias ouvi uma matéria incrível “o movimento para abandonar os smartphones” e li alguns comentários ali. Caramba! Essa aflição não é só minha. Mas isso me despertou algo ainda mais arrojado: eu pensando em sair do que está dentro do smartphone e alguém pensando em deixar o smartphone de vez. Que ruptura! Que genial! Farei esse caminho de uma forma singular. Daí o título deste texto: um passo atrás e outro além. Explico!

Eu que busquei tanta solução moderna para burlar a necessidade de andar com um celular como se fosse parte de mim, optei por retornar esse passo para um telefone fixo. Eu que estava buscando uma maneira de manter-me nesse jogo de mensagens e postagens, pensei: isso não é necessário, posso dar um passo adiante e deixar o celular também. Há outras formas modernas e menos doentias de me comunicar e difundir a arte e os pensamentos que considero úteis para além de mim.

Ressignificando o celular

Decidi utilizar o smartphone como um aparelho acessório ao carro e também como um suporte fora de casa, assim como para as praticidades pontuais. Isso é: o que é realmente importante para mim no aparelho? Gps (waze e maps), banco digital, comunicação, acesso a internet.

Eu não sou contra a tecnologia, sou contra os males induzidos que habitam nesse veículo a palma da mão.

Uma vez que identifiquei isso ferindo a minha natureza e realidade, devo tomar uma atitude com relação a isso. Não devo me fazer mal para agradar alguém, se isso me custa pra que seguir insistindo nesse malefício?

Hoje pesquisei bastante no ChatGPT e cheguei a determinação de que não quero mais ficar carregando o celular por aí, no bolso, na mochila, onde quer que seja. Vou utilizá-lo como um aparelho quando útil para mim e pronto.

Já criei alternativas para quem quiser falar comigo, para minha família tenho um telefone fixo, para demais contatos mantenho o número do meu celular para receber ligações tradicionais, não no whatsapp; mantenho um whatsapp que informa o meu endereço de email e aprendi a desativar as mensagens do mesmo no smartphone por períodos específicos. Não vou excluir meu whatsapp, ele será útil quando inevitável ou favorável diante minha análise racional e emocional.

Sobre o instagram, esse sim eu vou desativar. Não preciso estar ali. Antes eu tinha o pretexto “mas e como vou divulgar meus escritos, músicas e eventos?” Bem, eu não preciso ter um perfil para isso, pode ser feito por parceiros e/ou terceiros ou mesmo por um anúncio pago e quer saber: prefiro pagar com dinheiro que com a minha sanidade.

Nessa toada o ChatGPT me ensinou a ter calma nesse processo e não ser tão abrupto na cisão com esses meios, de tal maneira farei uma transição para educar com direção, a mim mesmo e as pessoas.

Youtube e Canal no whatsapp

O Youtube não me incomoda, o Google tem meios mais suaves de não intoxicar tanto a gente, além de ter ferramentas práticas no controle de conteúdo. Eu tenho uma espécie de arquivos de vídeo no meu canal, onde disponho minhas participações e coletâneas de um arsenal biográfico. Serve para mim, como uma biblioteca pessoal e serve para quem se interessar.

O whatsapp se tornou uma mini rede social, já reparou?

Tem status, exposição de pessoalidades e marketing de diversas espécies. Além de ter criado uma atmosfera coletiva de ansiedade por resposta rápida, hiperconexão, negócios, trabalho e comércio.

Lidando com isso, descobri como desativar o recebimento de mensagens, assim posso passar períodos offline, podendo acessar quando preciso. Quanto ao canal no whatsapp é uma opção para permitir que o público interessado em minha arte tenha acesso as minhas atualizações: escrita, música e eventos sem ter que rolar o feed ou entrar em um ambiente tóxico como o instagram. Para pessoas assim como eu que também optam por não estar nessas plataformas vou desenvolver um cadastramento de emails (newsletter) e criar novas possibilidades no meu site: thvirtual.com

Esses foram caminhos que encontrei

  1. Manter um telefone fixo.
  2. Direcionar minha comunicação para ligações e emails.
  3. Ressignificar o smartphone para outras funções sem que ele seja o centro de minhas ações.

Na prática

Exceto para utilizar o banco ou trabalhar pontualmente em uma ou outra demanda, o smartphone não entra mais em minha casa. Parece extremo? Extremo é perder o meu tempo e minha saúde para estar disponível ao acaso e suscetível a demandas aleatórias.

Eu assumo o controle e não aceito mais ser desgovernado pela loucura ou comodidade coletiva.

“Ah Tiago, mas pra você é fácil, eu trabalho com rede social, com o whatsapp”… tá, mas e depois do trabalho? Vale você refletir sobre isso!

Você trabalha 24h por dia? O celular tem que te acordar, tem que te por pra dormir, tem que passar o dia com você?

As escolhas são suas, se te faz bem. Beleza! No fundo você nem teria chegado nesse ponto do texto; se chegou é que um alerta acendeu na sua mente e se acendeu, pense sobre isso. Faça suas reflexões, veja o que faz sentido em seu dia a dia.

Não adianta culpar os outros por aquilo que você deve determinar, pelos limites que você deve estabelecer, pela forma que você quer viver e se comunicar. Se você quer viver enfurnado numa tela na palma da sua mão, essa escolha também é sua. Ninguém vai por ou tirar o celular da sua mão, isso é uma responsabilidade sua, você arca com as consequências. Assuma o bem ou o mal que te causa e lide com isso.

Há um caminho além dessa dependência, desse vício normalizado, dessa cultura que se impõe.

Saiba que você pode ressignificar o que representa um smartphone; olhe ao seu redor, os sinais são muito claros. É assim que você quer viver?

Eu decidi que não vou mais viver assim, essa não é minha natureza, eu não fui feito para ser escravizado, nem por mim diante de algo que permito ou por alguém adoecido junto com a multidão. Não estamos adoecendo, já estamos doentes e a cura exige coragem, coragem para romper com o que é imposto sutilmente e instalado de forma coletiva. As massas estão indo para o abismo e te levando com a força do bando. Resista, persista, exista. Você não veio aqui sobreviver, faça mais que isso, viva!

É… acho que por hora é suficiente, já há muito para se pensar. Recomendo fortemente que você possa ler os textos citados no princípio dessa redação, eles serão úteis para refletir outras sensações e descobertas nessa perspectiva. Te desejo alegria, plenitude, saúde e felicidade. Que você possa agir com mais natureza e conexão presencial. Que você veja a vida com os próprios olhos fora das telas, que você possa ser e estar sem que isso custe a sua energia, a sua saúde, sua vitalidade, sua mente. Cuide-se. Você merece o seu melhor!

Obrigado por acompanhar meus pensamentos, espero que essas experiências possam contribuir para a sua análise de situações e circunstâncias. Para te lembrar de tudo o que foi exposto, encerro com essa anotação que fiz hoje cedo:

O problema ao utilizar um mensageiro ou rede social que te faz mal não está apenas no outro, mas na gente mesmo que produz ansiedade ou desequilíbrio emocional ao enviar uma mensagem e esperar resposta imediata; postar algo e verificar quem viu. O ambiente não foi feito para o controle. É um despertador de frágeis sensações.

Pense nisso. Nos encontramos nos próximos textos. Até!

Vou ali pois: eu tenho um livro para escrever, eu tenho uma música para compor, eu tenho uma vida para viver.

Gostou da leitura?
Compre o meu livro na Amazon.

@rezendefonseca

LEIA OS TEXTOS CITADOS.

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