A tecnologia a seu favor

Você está usando seu telefone ou seu telefone está usando você?

Tiago Hènrique
13 min readDec 7, 2023

Passei o domingo inteiro pensando, pesquisando e procurando uma solução para me adaptar com a multifuncionalidade do celular, até encontrar uma alternativa que me trouxe incrivelmente essa frase:

Você está usando seu telefone ou seu telefone está usando você?

Há tempos questiono a minha forma de lidar com o smartphone e isso me quebra a cabeça com variados caminhos como em um labirinto onde você corre-corre-corre e quando se esgota vê que a saída é não é bem uma liberdade, é uma escolha entre o caminho de volta e o preço para ir adiante.

Assim é a tecnologia nos tempos de hoje: para se conectar ao que é útil e funcional para você, você tem que pagar o preço dos caminhos tortuosos e que refletem as suas fraquezas ao invés de revelar as suas virtudes e trabalhar os seus pontos fortes.

Te conto agora como andei nesse labirinto e encontrei uma passagem secreta fora do senso comum.

⚠︎ Advertência:

Esse texto pode te cansar! Se você estiver buscando uma vida digital mais essencial e menos descontrolada, pegue essas dicas:

• Use o laucher
• Ative o modo dormir
• Ative o não perturbe

e tenha uma experiência mais simples com o seu smartphone sem precisar lutar contra seus instintos percorrendo a confusão que experimentei para finalmente encontrar uma solução prática e aplicável.

Já se você preferir ir adiante para entender as origens desse problema presente na nossa vida cotidiana e acompanhar uma experiência reveladora, prepare-se e tenha uma boa leitura.

Quando o celular passou por uma revolução para a era touchscreen, se transformando de um aparelho de telefone móvel, seguindo para telefonema e mensagens e por fim quando se tornou um potente microcomputador na palma da mão, as coisas mudaram em velocidade assustadora.

Antes dos celulares eu tinha um relógio despertador, depois o celular assumiu essa função, algo corriqueiro mas que já faz começar o seu dia com perigo. O perigo de checar mensagens ou navegar pela internet antes mesmo de cumprimentar o dia, de abrir a janela, sentir o vento, o sol ou a chuva. Antes mesmo de preparar o café, se alimentar ou se movimentar. O problema já te assedia ali, ainda na cama. Sem falar nos estudos que apontam para os fatores prejudiciais de manter esses aparelhos em uso antes e depois de dormir. Leia essa matéria.

Eu tive um primeiro celular por volta dos 16 anos, recordo-me que o sms era a bola da vez e ter um pacote de mensagens ilimitadas era o máximo. Mesmo nesse contexto de mensagens comparado aos mensageiros atuais já havia uma vantagem simples contrapondo o excesso de cores utilizadas hoje em dia; se tratava de sistemas monocromáticos e por mais divertido que fosse as imagens mais fantásticas eram feitas com caracteres de teclado, tal como os simplistas emojis. Com isso quero dizer que o aparelho em si ainda não nos prendia tão viciosamente.

Nesse ponto quero falar sobre simplicidade e cores. No final da tarde desse reflexivo domingo fui caminhar sem o celular no bolso, andando pelos quarteirões perto da casa da minha mãe, em determinado local avistei uma plantinha rasteira na calçada parecendo lavanda, mas não era lavanda, nessa hora eu queria estar com o celular pra fotografar, teria sido memorável e útil… nem pude fazer uma pesquisa no Google Lens, mesmo pesquisando depois não descobri o nome da planta… mas o que eu quero ressaltar aqui é como as cores saltam aos olhos, é inevitável, é contemplador, é lindo, é mágico, é viciante... e o celular moderno é um explosivo de cores.

“A maneira mais fácil de atrair nossa atenção para a tela do celular é através das cores” leia essa matéria.

Olha que eu já havia pensado muito sobre como me afastar do celular mas saber aos 37 sobre o efeito das cores como um instrumento para nos manter presos recorrentemente na tela do smartphone, por essa eu não esperava.

Eu já havia simplificado bastante a minha tela inicial e os aplicativos a mostra e isso reduziu bastante o acesso a vista e sem necessidade, mas eu ainda não tinha chegado a uma solução que me desse um ambiente menos persuasivo. Essa das cores me ajudou muito e até o final deste texto vou apresentar as ações que minimizaram significativamente o meu uso do dispositivo.

Em um tempo recente por exemplo eu já estava tomando algumas medidas disponíveis para o bem-estar digital, como monitorar o tempo de uso dos aplicativos, notar os desbloqueios de tela, o volume de notificações, colocar tempo para interrupção de uso dos apps que estavam interferindo em meus afazeres, ativar o “modo hora de dormir”… e especialmente depois dessa sobre as cores, definitivamente eu coloquei meu celular em preto e branco, operando-o como novo padrão para mim nessa modalidade monocromática e tem feito a diferença!

Entro agora numa situação de limite e tempo. Anos atrás extremamente irritado com o excesso de mensagens e notificações a qualquer hora no grupo de whatsapp do trabalho eu tomei a seguinte alternativa: comprei um smartphone barato, instalei o whatsapp nele e ativei um outro número para que eu não perdesse o contato neste meio com a minha família.

Durante o horário de serviço eu usava o whatsapp-web que ainda precisava do aparelho por perto pra se conectar ao computador. Terminando o horário de trabalho eu desligava o aparelho e o guardava… as pessoas estão tão loucas e sedentas por respostas imediatas que se der dois palitos de envio/recebimento e você não responder elas podem surtar; então visualizando um palito só de envio demonstrando que a mensagem não foi entregue alguns se conformam e esperam, outros mais próximos ficam ansiosos pra saber o que aconteceu e porque você está sem sinal, aí te ligam. Enfim, é tudo pra ontem… e a gente é pra quando?

Não há mais respeito pelo tempo, o assédio laboral na palma da mão que o diga, não para! Quando precisamos é conveniente pra nós, mas quando não, é um caos.

Para combater isso eu fiz uma certa engenharia: meus dois números para telefonema ficavam no aparelho principal e neste aparelho eu usava o meu whatsapp secundário; ao passo que no aparelho inferior eu mantinha o whatsapp conhecido. Afinal eu só queria afastar o aplicativo irritante das minhas horas livres. Foi uma experiência com prós e contras.

Positivo: eu não era exposto as mensagens de grupos e pessoas em geral fora do meu horário determinado. Eu podia utilizar o celular sem ser invadido por mensagens a todo momento e isso me proporcionava menos distração, preocupação e reação, dessa forma eu conseguia ter um tempo de qualidade maior. Negativo: quando eu estava fora de casa ou sem o aparelho secundário eu não conseguia contato prático com as pessoas, estão “todos” no whatsapp e “ninguém” mais quer receber telefonemas, até eu prefiro o whatsapp na maioria das vezes. Assim, revelar meu segundo número cairia no mesmo problema, logo ficou impraticável, as pessoas mais próximas não sabiam qual número/whatsapp me contatar e eu acabava tendo que gerenciar duas contas e andar com dois aparelhos: um pra mexer no whatsapp e outro pra me auxiliar nas demandas do dia-a-dia como: Banco, Gps, Internet, Documentos, etc. Funcionalidade: entre outros pontos positivos e negativos dessa experiência, nesse período comecei em um novo emprego e estar com o whatsapp o tempo todo era inevitável. Voltei a usar um único número/whatsapp e pensei em outras alternativas.

Seguindo o labirinto em busca de uma utilização que não me consumisse e fosse mais saudável que a oferecida no pacote principal do smartphone descobri como utilizar dois usuários no mesmo aparelho, de tal maneira criei duas partes virtuais no meu celular: uma de trabalho, outra de descanso; mas, novamente o whatsapp era uma pedra no caminho, ele não se instalava com o mesmo número nas duas partes, logo sempre que eu precisava do aplicativo tinha que mudar de usuário, então a interface simples, leve e de descanso que eu criei por vezes precisava ser alterada para a tela principal com todos os aplicativos embaralhados, pesados e de desassossego. Não adiantou muito, a um toque de tela tudo continuava lá na minha mão, me incomodando, me notificando, me chamando: como se eu tivesse que tocar no app pra ele parar e sair da minha frente.

Eu instalava e desinstalava o que era (des)necessário, mas entre um drible e outro que eu tentava fazer pra estar no aplicativo de meu interesse as distrações venciam, eram mais legais, eram dopamina.

Cheguei a pedir as pessoas mais próximas para se comunicar comigo pelo Telegram ao invés do Whatsapp e por um tempo deu certo, até desinstalei o whatsapp nas férias… mas outra vez o uso massivo dele como substituto do telefone e meio de comunicação é imperativo, o que me empurrou novamente para lá.

Daí, comecei a tentar outros amenizadores dentro do próprio celular para reduzir minha insatisfação em usar um aparelho que me auxilia mas me incomoda. Veja bem: eu sou a favor da tecnologia e não quero que ela seja contra mim. Eu gosto de tecnologia, o que eu não gosto é de manipulação, truques psicológicos e vícios. Nessa andança percebi que não depende só da gente, mas depende também do ambiente em que estamos expostos, inclusive o virtual. Faz as contas, associa com os ambientes presenciais e você terá uma boa análise comparativa.

Considero esse longo processo de buscas como uma desintoxicação gradativa, feita com descobertas ocultas e que exigem grande esforço para romper com o senso comum, habitual e frequente. Fazendo um paralelo sobre a nossa forma de ser, estar e viver: eu passei 24 anos enganado sobre a realidade do consumo especista, quando descobri essa crueldade, eu queria alertar o mundo inteiro… vivemos uma vida inteira com ausência de questionamentos e isso afeta profundamente o universo ao nosso redor.

Quando eu vejo manipulação, falta de verdade ou injustiça isso me ativa para uma expressão de consciência que me instiga a tentar revelar as pessoas o quanto andamos por aí fazendo escolhas ou sujeito a escolhas que alteram a nossa natureza ao invés de nos conectar com a nossa real natureza de Seres Humanos. Escrever é minha forma de tentar tocar as pessoas, levar à reflexão e tentar promover melhorias na qualidade de vida, na saúde mental, comportamental e relacional.

Voltando aos amenizadores no ambiente dos smartphones, há tempos eu já andava com o “não perturbe” ativado, permitindo apenas as pessoas autorizadas a interromper esse silêncio, isso é ótimo porque não há toques sonoros pra interromper aquilo que você está fazendo e filtra os contatos importantes ou necessários que você precisa atender mas não com urgência. Uma coisa legal que testei por um tempo e as vezes uso é “modo sem distrações” que permite com que você desative determinados aplicativos no momento que você desejar, mas tal como a mudança de usuários, em um toque simples você volta para a armadilha.

Chegando ao mapeamento desse labirinto, muitas irresoluções me puseram a pensar, simular, conjecturar. 1. Planejei voltar a utilizar um celular básico, suficiente para atender e fazer ligações, considerei mesmo, mas daí pensei: e na hora de dirigir para um lugar desconhecido, como vou fazer sem o Maps? Na hora de pagar alguma coisa pelo Pix, fazer transferências, ou acessar o Banco? Na hora de escrever minhas ideias literárias? Na hora de gravar minhas composições? Na hora de ouvir minhas músicas por streaming? Na hora de acessar documentos e afins para compartilhar? Na hora de afinar o violão, tirar fotos, pedir um Uber ou ativar o rotativo?… Além disso meus contatos não seriam registrados em nuvem e eu teria que pressionar letra a letra em um teclado alfanumérico… enfim: enumerei a quantidade de aparelhos que eu teria que ter além de um telefone móvel e ainda assim por um bom momento me pareceu interessante não ter um smartphone andando comigo o dia inteiro.

2. Depois pensei, talvez um meio termo melhore: quem sabe um “dumb phone” com whatsapp integrado já que para nós o whatsapp substituiu o telefone? Mas me esbarrei novamente na falta de integração de sistemas. Eu acho o Google uma empresa excepcional e esse telefone simples que encontrei não utiliza o android, logo eu teria mais trabalho para reunir meus dados em um único sistema.

Em ambos os casos, para as demais dificuldades que a ausencia de um smartphone provocaria, no âmbito tecnológico eu tentaria suprir com o computador e outros dispositivos em casa como o Google Nest ou Alexa, nesse caminho pensei em comprar aparelhos individuais de cada item que uso como: despertador, afinador, câmera fotográfica, gravador de voz, etc… eu faria um retorno aos tempos da tecnologia material, me soou interessante por um tempo, mas avaliando alguns custos e quantidade de itens repensei: é, vou ter que comprar e carregar muitas coisas, eu quero algo menos burocrático e quantitativo, algo mais simples, prático e minimalista. Minimalista, essa é a chave da porta secreta que encontrei no labirinto; mas antes, acompanhe minha descoberta alternativa número três.

3. Ter tecnologia de bolso e disponível mas propositalmente sem praticidade, desincentivando a permanência no ambiente virtual, recorrendo a ele somente quando necessário. Nesse ponto descobri os mini-celulares. Você sabia que existia um trem desse? Pois é. Pensei algumas vezes em comprar um para experimentar mas cai nas interrogações sobre a funcionalidade de continuar tendo um smartphone e os apps úteis e facilitadores em tamanho perceptível, daí assisti algumas análises no youtube e desisti por conta da autonomia de bateria, uso e qualidade/praticidade para comunicação… enfim, era minha tentativa híbrida com tecnologia micro, proporcionando limitação condicionada incluindo a adesão de outros aparelhos, mas outra vez me pareceu insuficiente, irregular e disfuncional.

4. Após visualizar as opções que me ocorreram na contramão desse furor hiperconectado em que vivemos ao imaginar outras possibilidades com um A) celular simples, B) celular simples com whatsapp, ou C) mini-celular tecnológico mas limitado, pensei: quem sabe essa loucura se resolve com o inverso? Ao invés de ser mais básico, ser mais sofisticado? Utilizando mais tecnologia e aparatos para resolver o problema de um dispositivo inadequado? Foi quando incidi para a ideia de ter um D) Smartwatch, sem tirar o celular do bolso ou da mochila eu poderia checar as importâncias e atender a telefonemas sem me prender em uma tela maior, seria a combinação de um mini-celular sem ter que “carregar” um volume extra já que no pulso o relógio inteligente não ocuparia espaço, mas aí lembrei: não! Basta de notificações, de telas, de hiperconectividade.

Eu quero é menos, não mais.

Eis que em pesquisa por smartphone minimalista encontrei dois caminhos enfileirados para a passagem secreta de saída do interminável labirinto. 1. O Light Phone, achei fantástica essa ideia de celular minimalista, assim que o descobri quis comprar um mas o preço nesse momento fugiu do meu orçamento. Descoberto esse invento, continuei pesquisando e após vasculhar minha mente com tantos caminhos e procura, ruminei: quem sabe tem uma solução dessa como aplicativo?

Será?

Sim, tem! Encontrei uma alternativa magnífica, veja: busque na sua loja de aplicativos por “minimalist phone launcher app” testei alguns e preferi o Olaucher, de onde tirei na página do desenvolvedor a frase de efeito dessa reflexão: você está usando seu telefone ou seu telefone está usando você?

Desde então, em síntese tem funcionado bem para mim a utilização permanente do Olaucher que muda o ambiente de navegação do celular; combinado com a interface monocromática disponível no modo “hora de dormir” e o uso ativo do “não perturbe” desabilitando notificações. Esses três opcionais acertados tem me proporcionado dias melhores na modernidade em que vivemos, permitindo-me utilizar dos benefícios da tecnologia sem que a parte invasiva dela me influencie desgovernadamente.

Simplificou MUITO a minha vida digital e a minha maneira de lidar com o smartphone. Se você também está questionando tudo isso: o celular, demasiada internet, as redes sociais, os streamings, as telas e o consumo desregulado de tempo imerso nesses ambientes, tenho uma boa notícia para você: há soluções escondidas que você pode utilizar.

Continue no labirinto ou saia e vá viver, a escolha é sua.

Uma vez quando desinstalei o whatsapp e/ou desativei o instagram minha irmã me indagou: você não tem controle não? É só não usar demais. Não é atoa que somos usuários, parece papo para dependentes de alguma droga. Concluí: eu queria ter mas nesses ambientes sou levado com a multidão.

Lembre-se:

nós somos seres únicos, formando o coletivo, esse coletivo depende de cada um de nós, mas nós podemos mudar o sistema quando decidimos não fazer parte integral dele. Embora não tenhamos capacidade de alterar tudo, podemos fazer diferente e fazer a diferença. Se você não puder fazer pelo outro, faça a si mesmo, ame ao próximo como a ti mesmo. Não esqueça: valorize quem você é, o seu tempo e a sua essência, se tem algo desviando você do melhor caminho, cuide-se e procure solução.

Qualquer que seja o problema, quem procura acha a solução. Penso que aqueles que nos manipulam massivamente ou individualmente, de forma oculta ou explícita, explorando nossas vulnerabilidades, desrespeitam a magnitude do ser humano e do real propósito que temos para evoluir.

A maior tecnologia que precisamos evoluir é a tecnologia de ser humano com respeito a consciência, a igualdade e a vida.

Quebre paradigmas, desafie o senso comum, encontre e manifeste o seu dom. Saia dos labirintos que te aprisionam, cultive hábitos melhores e comprometa-se a viver bem e ser feliz. A felicidade é a arte de Deus.

Nesse texto, você me acompanhou em oito passos:

  1. Despertador
  2. Cores
  3. Limite
  4. Usuários
  5. Amenizadores
  6. Irresoluções
  7. Minimalismo
  8. Alternativa

Agora é com você! A caminhada é sua, o labirinto é seu.

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Bônus

Leia minha trilogia sobre os smartphones:

Te desafio
15 segundos
A tecnologia a seu favor

Dica de leitura:

Você sabe o que é nomofobia? Entenda.

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Tiago Hènrique
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